Fortaleza vem acumulando pontos entre os destinos prediletos do Nordeste graças à boa fama de sua vida noturna, animada de segunda a domingo. Mas os dias de sol escaldante não ficam atrás em atrativos, a começar pelo conforto das megabarracas da Praia do Futuro e pelo onipresente artesanato cearense."Dias de sol. Noites de som", atesta o slogan de uma famosa casa noturna. O turista dança forró, pagode e samba na companhia de centenas ou milhares de pessoas, ao ar livre e em ambientes fechados. A multidão móvel ajuda a esconder os passos desajeitados e abafa a timidez dos estreantes, se drinques como capetas e tangiroskas ainda não fizeram efeito.O clima festeiro e musical, portanto, pode ser comparado ao de Porto Seguro, outro pólo turístico. Só que Fortaleza é muitas vezes maior do que o balneário baiano: tem cerca de 2,4 milhões de habitantes, tráfego intenso, favelas nas redondezas e calçadões quilométricos na beira do mar, diante de hotéis e centros comerciais com dezenas de andares.Ainda que boa parte dos hotéis e restaurantes esteja concentrada entre as praias de Iracema, Meireles e Mucuripe, a poluição invariavelmente impede os banhos nesta região mais central do turismo. Quem quer se divertir na água o dia inteiro, sem riscos para a saúde, procura a Praia do Futuro e encontra por lá bônus de variada ordem.Nos últimos anos, algumas barracas de praia se transformaram em complexos de lazer. Foi-se o tempo em que conforto na beira-mar era ducha funcionando, cerveja gelada e sanduíche natural em caixa de isopor.
Na Praia do Futuro, a infra-estrutura pé na areia tem o requinte de salões de beleza com massagistas, lan houses e parques infantis. Sem contar os bares e restaurantes que servem lagostas e caranguejadas no capricho. A programação cultural ali inclui shows de música e humor nas noitadas diante das ondas.A rica paisagem de coqueiros, pontes, barcos, velas, bancos e faróis das praias mais urbanizadas merece ser desfrutada a partir do final da tarde. Em horário comercial, o asfalto de Fortaleza parece arder em brasas: carregue sempre protetor solar, chapéu e água. No início da noite, os calçadões das praias de Iracema e Meireles se enchem de moradores descontraídos, de abrigo e tênis, curtindo a brisa de casa com água de coco.O artesanato move o turismo e a economia do Ceará. A Central de Artesanato (CeArt) elenca dezenas de tipologias artesanais que caracterizam a produção das diferentes regiões do Estado. Na capital, nas feiras, lojas de shoppings, Mercado Central e Centro de Turismo, é possível comprar peças de bordados a mão ou a máquina, crochê, tecelagem, trançados, pinturas, objetos em couro, cerâmica, madeira e metal, flora regional, rendas de bilro, labirinto, filé e renascença. Entre outros.Na Praia de Iracema, uma grande escultura em ferro e fibra de vidro da heroína indígena de José de Alencar lembra que o Theatro José de Alencar também precisa ser visitado. As estruturas metálicas européias e os vitrais coloridos fazem de sua fachada um símbolo da cidade.De Fortaleza, de dia ou de noite, partem passeios para lugares míticos como Canoa Quebrada ou Jericoacoara. Em ambos dá para ver pequenas jangadas de pertinho e, com sorte, agendar um passeio. Nos livros escolares, as descrições de jangadas lembram embarcações resistentes, intrépidas, verdadeiros colossos enfrentando as ondas. Nas jangadas comuns dos pescadores cearenses, mal cabe um homem sentado.Pergunte a um jangadeiro o que ele faz quando aquele quadrado de troncos vira em alto mar, na madrugada, na escuridão, e sente na areia esperando por relatos de bravura, de afogamentos antológicos, de perda total de redes e peixes. A resposta virá sem qualquer traço de heroísmo, quase com indiferença, a mostrar que faz parte do trabalho cair da embarcação: "Eu desviro".
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