segunda-feira, 13 de julho de 2009

Com 20 praias, Costa do Descobrimento destaca-se por história e baladas


26 de abril de 1500, um domingo. Data da primeira missa rezada por portugueses em solo brasileiro, na Coroa Vermelha, ponto privilegiado da orla que a propaganda turística define como Costa do Descobrimento, na Bahia. O ponto de desembarque de Pedro Álvares Cabral e sua vasta comitiva é real e está ali até hoje. A Coroa Vermelha fica no município vizinho de Santa Cruz Cabrália, ao norte de Porto Seguro, destino campeão de vendas nos pacotes das agências de viagem e principal porta de entrada da Costa do Descobrimento. As multidões de turistas buscam diversão nas baladas diurnas e noturnas das cerca de 20 praias que pontuam a orla desde Arraial D´Ajuda, ao sul, até Santa Cruz Cabrália.
Arte UOLBanho de mar, quitutes regionais e badalação noturna são encontrados em centenas de pontos do litoral brasileiro. O diferencial em Porto Seguro é a intensidade da combinação: quem vai para lá parece mesmo disposto a fazer festa dia e noite, enquanto durar a viagem. Com tanta atividade tribal, solteiros só voltam de lá tristes se bater a inércia ou chover muito. Aliás, de março a maio é o período de chuvas mais freqüentes: melhor evitar. Na região de natureza exuberante, com verde cercado de azul por todos os lados, há hospedagem para todos os bolsos (são 37 mil leitos), desde as pousadas baratinhas do centro histórico até hotéis cinco estrelas e resorts com requinte de spa.Uma das marcas de Porto Seguro, além da história do Descobrimento, é a trilha sonora em volume alto: axé music, pagode, forró, reggae, samba, música eletrônica. O programa básico consiste em ir à praia de dia e voltar para a praia de noite, para luaus, shows de dança e festas decoradas com mesas de frutas, turbinadas com batidas e capetas, o drink típico. As calorias ganhas consumindo os deliciosos produtos de tapioca podem ser perdidas na praia mesmo, numa aula de lambada com aeróbica. As agências chegam a programar um passeio opcional por dia. Alguns são imperdíveis, como os trajetos de barco rumo aos recifes e corais, a subida ao mirante de Santa Cruz Cabrália e a visita aos pataxós na Reserva Indígena da Jaqueira. E não é preciso contar com guias para atravessar o rio Bunharém e bater perna no adorável vilarejo de Arraial D'Ajuda, com praias mais bonitas e desertas, bares mais charmosos e melhores restaurantes. História A Bahia é tão extensa que foi dividida em três capitanias hereditárias na primeira metade do século 16 (Bahia, Ilhéus e Porto Seguro). Tal sistema de administração pública lembra a pré-história da privatização: combalido, o Tesouro português passou a empreitada de erguer a colônia no Novo Mundo para 15 empreendedores-donatários, de Santa Catarina ao Maranhão. Porto Seguro passou pelo trauma de ver seu primeiro administrador, Pero do Campo Tourinho, ser devolvido preso a Portugal, acusado de heresia, em 1547. Por essa época, Ilhéus estava em guerra, dos indígenas contra os colonos, e coube à capitania mais ao norte, onde fica Salvador, receber e instalar o primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Souza.Parte da história desses tempos ancestrais está impregnada nos monumentos, parques e prédios tombados. A Casa de Câmara e Cadeia de Santa Cruz Cabrália abriga as cartas náuticas dos primeiros navegadores. Mas história única, também trágica e violenta, está nas aldeias indígenas. Os pataxós que recebem visitantes em Porto Seguro são uma pequenina parte dos 215 povos indígenas brasileiros que sobreviveram a cinco séculos de condições adversas. No país, calcula-se que a população indígena não ultrapasse hoje cerca de 320 mil indivíduos, o tamanho de uma cidade média. Na Reserva Pataxó da Jaqueira, os anfitriões recebem os turistas vestidos a rigor, com pinturas pelo corpo. É uma festa, ou uma luta, ter a chance de mostrar a própria cultura, a que estava na terra desde antes. Mais do que umas horas para conhecer as danças, os cantos e rituais e ainda adquirir o artesanato e experimentar comidas e bebidas, a visita permite a rara oportunidade de ouvir dos próprios índios as suas histórias de sobrevivência na selva dos brancos, sem intermediários do além-mar.

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