domingo, 20 de setembro de 2009

Querida do turismo de negócios, Curitiba valoriza parques e praças e sedia festivais culturais


Capital sulista, de frio intenso no inverno, Curitiba lembra Buenos Aires e cidades européias na valorização e na beleza de seus parques e praças. São dezenas de áreas verdes, de todos os tamanhos, com atrações que se multiplicam. Lagos, chafarizes, jardins, trilhas, mirantes e quedas d'água iluminando pedreiras, museus, aves, peixes, pontes, esculturas, brinquedos infantis. Parques e praças curitibanos mudam de cor a cada estação e enchem os olhos dos turistas. A metrópole paranaense tem 1,8 milhão de habitantes e, segundo pesquisa da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisa Econômica) da USP (Universidade de São Paulo) em 2007, é a terceira cidade brasileira mais procurada por estrangeiros para o turismo de negócios e eventos. No topo deste ranking estão São Paulo e Rio de Janeiro. Contribuem para a destacada posição as redes hoteleira e gastronômica, os serviços de transporte público e inovações arquitetônicas, como a integração de centros de convenções a shopping centers. Fica tudo perto, fácil, rápido.Os parques também divulgam a marca da imigração. O Bosque Alemão homenageia os pioneiros de 1833 e o Bosque do Papa celebra os poloneses e a nacionalidade de um visitante ilustre, Karol Wojtila, o papa João Paulo 2º. O primeiro de todos os parques da cidade, o Passeio Público, de 1886, guarda o Memorial Árabe, enquanto o Parque Tingüi abriga coleções de pessankas (o ovo pintado, símbolo da ressurreição) e imagens sacras no Memorial Ucraniano. No Paraná residem 90% dos ucranianos e descendentes que estão no Brasil.Bowkalowski, Wolochtchuk, Kulczynskyj, Leminski, Rischbieter, Modkowski, Kozak, Krajcberg, Recchia, Stellfeld. Em qualquer sala de aula de Curitiba há uma lista de chamada composta de tais sonoridades. Os sotaques e as culturas dos imigrantes impregnam a visita a esta cidade brasileira de gostos e ritmos internacionais. As copiosas refeições italianas no bairro Santa Felicidade têm banquetes eslavos como concorrentes, no Setor Histórico. Na programação regular de espetáculos há flamenco e danças polonesas.E, para beber, vodca. Nem o vinho dos gaúchos, nem os chopes dos catarinenses. De fabricação regional, russa ou finlandesa, a vodca ajuda a enfrentar o clima subtropical. Mesmo nos meses de verão a temperatura pode baixar de 20ºC. E, no inverno, chega a zero ou menos nas madrugadas.Não é difícil conhecer parte de Curitiba em passeios a pé, por conta das calçadas largas, arborizadas, e das ruas e avenidas bem sinalizadas. Mas não dispense os ônibus, que compõem a identidade da capital. A praça Rui Barbosa, por exemplo, concentra dezenas daqueles tubos transparentes para embarque e desembarque. As linhas são integradas num único bilhete. Aos domingos, as passagens têm desconto.A Linha Turismo é um serviço especial, mais caro e confortável, que funciona de terça a domingo. O ônibus percorre 25 pontos de interesse em duas horas e meia, sendo que o bilhete dá direito a quatro reembarques. Vale a pena fazer o trajeto logo no primeiro dia na cidade, para ter uma idéia das distâncias. Cartão-postal com estufa e canteiros geométricos, o Jardim Botânico está entre os mais concorridos. O Teatro Guaíra surge no roteiro logo após o Mercado Municipal. Parecem estar próximos, mas uma caminhada se revela longa, são dez quarteirões. A Ópera de Arame fica a meia hora, de ônibus, da Torre Panorâmica, uma torre de telefonia com mirante circular a 105 m de altura. Os horários afixados nas paradas ajudam a programar quantos e quais pontos visitar num dia.Festivais culturaisCuritiba também ganhou fama pela qualidade de seus festivais culturais. Já com década e meia de existência, o Festival de Teatro funciona como encontro marcado da classe artística, de vários Estados, a cada mês de março. Outras celebrações anuais coletivas com público cativo são o Festival Espetacular de Teatro de Bonecos e a Oficina de Música. Para quem está de visita, todos oferecem a chance de conhecer o variado cardápio de salas de espetáculo, das pequenas às portentosas, como o Guairão, com 2.173 lugares, e o Teatro Vitória, com 1.500 lugares.Boa parte do patrimônio histórico é relativamente recente. Nos anos 50, surgiu a primeira sala do Teatro Guaíra, o Centro Cívico e o Mercado Municipal. A Rua das Flores, primeiro calçadão do Brasil, foi fechada nos anos 70, mesma época dos projetos do parque Barigüi e da Rodoferroviária. A Ópera de Arame foi inaugurada nos anos 80; os parques Tanguá e Jardim Botânico, nos anos 90, pouco antes da moderna Arena da Baixada.O século 21 trouxe dois presentes na área dos museus: o Museu Oscar Niemeyer e o Espaço Perfume. O primeiro deixa o visitante em êxtase antes da entrada, quando ele se depara com a torre monumental e os grandes vãos livres da primeira ala projetada por Niemeyer. Dá vontade de fazer como as crianças e apostar corrida no piso, ou na rampa. Por falar em crianças, as famílias não se vêem em apuros para entreter os pequenos. Brinquedos e bichos em parques e praças dão conta do recado -o Barigüi tem até parque de diversões.Curitiba se prepara há décadas para receber bem o turista. Entre os confortos recentes está a programação cultural do mês disponível na Internet, com a agenda antecipada de shows de música, festas, teatro, artes visuais. Dependendo do evento, dá para chegar lá com o ingresso garantido. Ou pelo menos com o horário e o endereço certos na mão.E não se assuste com a cordialidade incomum de taxistas, recepcionistas, garçons, vendedores. Eles usam frases do tipo 'permite que lhe ajude?', 'desculpe interromper, mas...', 'gostaria de receber mais informações?', 'posso sugerir um passeio?'. Uma educação ancestral, discreta, sob medida para demonstrar que o recém-chegado é bem-vindo.

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