quinta-feira, 28 de maio de 2009

Mergulho, caminhadas e visuais exuberantes são atrativos de Noronha




O arquipélago de Fernando de Noronha fica a 445 quilômetros de Natal, no Rio Grande do Norte, e a 545 quilômetros de Recife, capital de Pernambuco - de onde saem vôos diários para a ilha principal, que dá nome ao conjunto. Os mais de cem turistas que desembarcam diariamente no local dividem seus dias entre várias atividades: caminhadas, curtas ou longas; subida aos mirantes; banhos em praias de acesso fácil ou difícil; mergulhos com equipamentos; mergulho de reboque, em pranchas puxadas por lanchas; e passeios de barco, bugue ou a cavalo.
Não custa programar as coisas com antecedência e reservar um bom tempo também para descansar no paraíso.Quem escolhe um destino especial como este tem a chance de mergulhar em outras esferas do conhecimento, as da biologia e geologia, graças aos estímulos visuais e táteis que o ecossistema oferece. Ter a sorte de estar por lá quando os bebês de tartarugas deixam o ninho e se jogam no mar, sem colete salva-vidas, ajuda qualquer um a refazer os seus conceitos de coragem. A visão de centenas de golfinhos descansando, brincando e girando sobre o próprio eixo - vem daí o nome golfinho-rotador - é uma das lembranças mais alegres que alguém pode levar de uma viagem pelo litoral brasileiro e é comum em Noronha. Pesquisadores fazem plantão na Baía dos Golfinhos fornecendo binóculos e respostas para perguntas sobre o comportamento do mundo animal. Poucos lugares do mundo recompensam tão bem o esforço de madrugar e subir a montanha junto com o nascer do sol.
O arquipélago tem 21 ilhas. A maior delas e única habitada, a de Fernando de Noronha, tem um parque nacional marinho que toma 85% de seu território e é patrimônio natural da humanidade. Leis federais controlam os deslocamentos e cobram taxas diárias pela permanência de turistas entre os pouco mais de 2.000 habitantes, de forma a preservar este santuário ecológico onde vivem mais de 250 espécies de peixes. Um exemplo do rigor: mergulhar na praia de Atalaia exige ingresso, determina os minutos e proíbe o uso de filtro solar, para a química não agredir a água cristalina e as criaturas marinhas. Fernando de Noronha é uma ilha do tipo oceânico, enquanto Ilhabela, em São Paulo, ou Itaparica, na Bahia, são ilhas costeiras, esparramadas sobre a plataforma da superfície continental, eventualmente ligadas ao continente no passado. As ilhas oceânicas são os cumes de grandes montanhas submarinas. Noronha nasceu de uma erupção vulcânica, longe da terra firme. Apesar do advento de modernidades como celulares, internet e ofurôs, quem passa dias ali ainda acalenta a sensação de estar perto da areia e das tartarugas, longe de tudo. Mesmo o trecho de asfalto é curto: 6,8 quilômetros.Na ilha, quase todos os caminhos levam ao mar. Turistas sedentários se dispõem a caminhar por horas, subindo trechos íngremes e descendo por escadas perigosas para ter a melhor visão e conhecer as mais bonitas das praias: do Sancho, dos Porcos, do Leão, todas destacadas em rankings nacionais.No mar está a lucrativa indústria do mergulho, diurna e noturna, a exibir todas as cores dos corais, arraias, tartarugas imensas e dóceis. No fundo daquelas águas azuis, até as lesmas são fotogênicas. HistóriaSegundo os registros históricos, o primeiro a dizer a frase "o paraíso é aqui", espécie de slogan da ilha, foi o navegador Américo Vespúcio, numa expedição com seis naus portuguesas em agosto de 1503, data da descoberta de Fernando de Noronha. A região protegida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) começou a surgir para o turismo de aventureiros no final dos anos 80, com a redemocratização do país. Nas décadas anteriores, abrigou um presídio político a partir de 1938 e foi território federal militar de 1942 até sua reintegração ao Estado de Pernambuco, em 1988, mesmo ano da criação do parque marinho. Quase 20 anos depois, os mochileiros se assustam com a escalada dos preços nas alturas do Morro Dois Irmãos, cartão-postal da ilha. Um passeio de barco de quatro horas custa o dobro de seu equivalente em Parati, por exemplo.


Um curso rápido de mergulho requer o investimento de um pacote de sete noites em Recife, saindo de São Paulo, avião e hotel inclusos. Paga-se até para caminhar por algumas das trilhas, as que exigem guias. Pelo menos as sessões noturnas de vídeos e palestras no Centro de Visitantes ainda são gratuitas. Olhar para o céu também é grátis ali.Quando visitarNas praias do Mar de Dentro (voltado para o continente), as ondas são mais calmas de abril a novembro e mais agitadas de dezembro a março, o que influi na programação de surfistas e mergulhadores. O período de chuvas vai de fevereiro a abril.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Parques, festas e chocolates são diversões para todas as épocas do ano em Gramado






Serra Gaúcha, Gramado combina o frio e a animação dos festivais periódicos com o jeito pacato de uma cidade do interior. Os vales de verde profundo e o azul das hortênsias compõem um cenário romântico, sob medida para luas-de-mel que também podem se tornar periódicas, como as festas que celebram o cinema, os deliciosos produtos da colônia, o Natal. Gramado se prepara de janeiro a dezembro para receber os turistas.A cidade tem cerca de 32 mil habitantes e fica distante 115 km de Porto Alegre. Apesar de curta, a viagem desde a capital gaúcha separa temperaturas distintas. O inverno em Gramado é rigoroso, com temperaturas abaixo dos 10ºC, e expectativa de neve. À noite, faz frio em todos os meses do ano. Quem chega acompanhado curte confortos diversos para se aquecer nos hotéis, pousadas e restaurantes: piscinas térmicas privativas, hidromassagem, lareira, fondue, vinho, chocolate quente.Gramado divide com a vizinha Canela algumas novidades entre as atrações que encantam adultos e crianças. O Gramado Zoo dispõe de instalações modernas que permitem ver onças, pumas e macacos sem grades na frente, além de centenas de aves da fauna brasileira voando em grandes viveiros. Em Canela, o Alpen Park, o parque do trenó, inaugurou um cinema 4-D, anunciado como pioneiro no Brasil, cujos efeitos especiais permitem ao público sentir até a umidade e a ventania do filme na tela em semicírculo. Na estrada de Gramado para Canela, a fábrica Caracol instalou o espaço temático "O Reino do Chocolate".
GRAMADO

O Lago Negro pode ser explorado de pedalinho


O Minimundo tem vários minimoradores



Parques, aventura e chocolates são diversões para todas as épocas do ano, como o fondue suíço e as mesas fartas de café colonial, outras marcas de Gramado, estas associadas à colonização de imigrantes alemães, italianos e portugueses. Mas existe um pedaço do calendário em que a cidade gaúcha fica diferente de qualquer outra cidade brasileira: o Natal, festejado intensamente ali ao longo de dois meses, de novembro a janeiro.Já verde por natureza, Gramado se veste de vermelho e dourado. As ruas, as praças, os lagos, as fachadas de lojas e hotéis, todos os cantos dão boas-vindas para Papai Noel e para os visitantes em busca de boas compras. Espetáculos de música, teatro de bonecos e shows de fogos reforçam o clima de contos de fadas, que sobrevive, de alguma forma, o ano inteiro, em espaços como a Aldeia do Papai Noel, um parque temático no centro da cidade. As renas ainda não puxam trenós pelos céus, mas elas estão lá, saltitantes, perfilando-se atrás do cercado coberto de pinheiros. E um senhor de capuz e barbas brancas legítimas também faz plantão diário para as fotos a poucos metros das renas, na Fábrica de Presentes.Para quem está visitando a cidade pela primeira vez, um passeio de hora e meia na Jardineira das Hortênsias, o city tour oficial, dará a noção das distâncias entre cartões-postais como o Lago Negro e a rua Coberta, um retângulo de lojas e bares que recebe o tapete vermelho e os artistas durante o Festival de Cinema. As caminhadas ajudam a gastar as calorias acumuladas na gastronomia local, mas alguns trajetos são longos, com ladeiras íngremes. A fim de percorrer com calma as atrações, espichar até os belos parques de Canela e ainda conhecer o Vale dos Vinhedos e Aparados da Serra, é melhor alugar um carro. Outras alternativas são a linha de ônibus entre Gramado e Canela, com saídas a cada 20 minutos das respectivas rodoviárias, e os passeios em vans das agências de receptivo.Arregalando bem os olhos, nota-se que inclusive locomotivas circulam em Gramado, com apito e tudo, e diz a lenda que elas pararam de circular quando os túneis se entupiram de neve no rigoroso inverno de 1994. São os trens em miniatura do Minimundo, um museu especialíssimo, ao ar livre, que reproduz monumentos, castelos e igrejas, a maioria europeus, em escala 24 vezes menor do que o tamanho original.Se algumas cidades são definidas pelo engenho humano, como é o caso da Brasília de Oscar Niemeyer e de Foz do Iguaçu e sua Itaipu Binacional, Gramado conta com ajuda do Minimundo para se apresentar. A fantasia, o artesanato, a nobreza do trabalho braçal e sobretudo a dor da Europa perdida pelos imigrantes estão estampados no museu inaugurado em 1983. O fundador, o alemão Otto Hoppner, faleceu em 1986, mas os filhos e os netos deram sequência à sua arte, acrescentando ao acervo miniaturas de monumentos brasileiros e argentinos, além de publicações.Em agosto, o Festival de Cinema movimenta a cidade há quase 40 anos. As TVs locais mostram diretores, atores, atrizes, cinéfilos e tietes desfilando com gorros, cachecóis, casacos de couro e lã no Palácio dos Festivais. O figurino, as discussões estéticas e as premiações injetam glamour na Serra Gaúcha. Em março, é a vez da Festa da Colônia, que se estende por três semanas na Praça das Comunicações, da manhã à noite. Corais italianos, bandas típicas alemãs e danças dos Açores celebram os produtos coloniais da zona rural que preservam a cultura dos imigrantes e movimentam a economia.Os astros da Festa da Colônia são aquele suco de uva que parece conter o cacho engarrafado, uma cuca macia que combina vinho, banana e coco, os salames e queijos que vão fazer o turista voltar no ano que vem. Na avenida Borges de Medeiros, desfilam carretas decoradas com flores, puxadas por bovinos de pelo escovado, algo assustados com o asfalto, com os aplausos e com as centenas de moradores e visitantes apontando câmeras e celulares.De avental, uma matriarca de duas gerações de agricultores levanta com orgulho um pão sovado de três quilos. Festas desde tipo também ajudam a lembrar do quanto pode ser dura a vida nas cidades turísticas.