domingo, 27 de setembro de 2009

Capital do Maranhão e do reggae, São Luís é banhada por mar, rio e por muita cultura


São Luís é capital do Maranhão e do reggae ao mesmo tempo. Banhada por mar e rio, a cidade que no século 19 se cobriu de azulejos portugueses para melhor resistir ao calor da zona equatorial virou também sinônimo de Patrimônio Cultural da Humanidade.O título veio uma década atrás, em 1997, quando a Unesco confirmou o Centro Histórico como "testemunho excepcional de tradição cultural". Somando-se os tombamentos federal e estadual, são cerca de 3.500 edificações dos períodos colonial e imperial, entre sobrados, palácios, igrejas e casas de porta e janela, em diferentes estados de conservação.Uma visita ao bairro da Praia Grande, antiga zona portuária, costuma começar pela rua Portugal, onde sobrados de até quatro pavimentos são revestidos de cerâmicas coloridas de cima a baixo. O azulejo ajuda a refletir os raios solares, protegendo os moradores do calor e também conservando as fachadas contra as chuvas torrenciais do primeiro semestre. Em São Luís, o calor e chuva não são para amadores.O reggae de inspiração jamaicana se impõe entre as animadas manifestações culturais da região e compete com o bumba-meu-boi em popularidade e lazer para multidões. Existe até o Dia Municipal do Regueiro: 5 de setembro. Cultura negra onipresenteFundada por franceses em 1612 e reconquistada pelos portugueses três anos depois, a capital está localizada na parte ocidental da Ilha de São Luís, no Golfão Maranhense. Os rios Bacanga e Anil banham a região central, compondo uma bonita paisagem com o Palácio dos Leões, antiga fortaleza. No sentido centro-bairro, a partir da ponte Presidente José Sarney começa a orla com as principais praias: Ponta d´Areia, São Marcos, Calhau.Com cerca de 960 mil habitantes, São Luís pode ser comparada a capitais como Salvador e Rio de Janeiro quando o assunto é a força da cultura negra, presente nas festas populares e rituais afro-brasileiros. Exu, tranca-rua, Ogum, encruzilhada, Casa de Nagô e pomba-gira, por exemplo, são termos das canções de Zeca Baleiro e Rita Ribeiro, dois artistas do Maranhão, terra natal da cantora Alcione e dos poetas Gonçalves Dias e Ferreira Gullar.Em 2007, a dança tambor de crioula, que homenageia São Benedito, foi promovida a Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, um título já concedido pelo governo federal a outras preciosidades como o frevo pernambucano e o ofício das baianas do acarajé. A história da escravidão também constrói o tambor de mina, o nome para a religião afro-brasileira local. Na costa africana, os escravos eram embarcados desde o Porto de São Jorge Del Mina, e o termo passou a identificar etnias da população negra.No enredo do bumba-meu-boi, duas das figuras principais são escravos: Catirina e o marido que, tresloucado de amor, mata o boi do patrão para que a mulher, grávida, realize o desejo de comer a língua do bicho. A festa junina do "boi" tem a complexidade dos diversos sotaques, os ritmos de zabumba, matraca ou orquestra, e uma infinidade de cores e brilhos nas roupas e adereços dos participantes.Museus como Casa do Maranhão, Cafuá das Mercês e Centro de Cultura Popular oferecem aos turistas uma ótima oportunidade de conhecer melhor a história das festas e rituais. Além de protegê-los contra o calor em ambientes refrigerados.Não bastasse a ausência da cor azul que marca as águas da orla nordestina, as principais praias de São Luís são poluídas, resultado de prolongado descaso com o saneamento básico. A má notícia foi confirmada em 2007 numa pesquisa da UFMA (Universidade Federal do Maranhão) que detectou índices de coliformes fecais muitas vezes superiores aos recomendados pela Organização Mundial de Saúde. O problema se verifica em praias como Ponta d´Areia, São Marcos, Olho d´Água e Calhau, próximas do centro. A maré sobe ou desce a cada seis horas, um espetáculo para ser assistido de longe. Moradores bem-informados preferem a distante Araçagi para banho.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Londres tem o charme de uma legítima capital européia



Londres (London,) é uma metrópole sem dono. Em seus metrôs, você verá indianos, árabes, norte-americanos, latinos, australianos, europeus em geral. Vai escutar tantos idiomas quanto não ouviria em qualquer outra cidade. Como em nenhum outro lugar, tem-se a sensação de que, se existe um centro do mundo, é aqui mesmo, a capital britânica. Londres é a síntese de Nova York, Paris, Tóquio, Bombaim, Sydney, São Paulo, muito no que há de melhor (como você verá ao longo do texto - ou conhecendo in loco), e um pouco no que há de pior (clima, poluição, tráfego arrastado, sem-teto) -acrescido do inconfundível estilo inglês (afinal, ainda faz parte da Grã-Bretanha). Explorar Londres merece no mínimo 5 ou 7 dias - mas talvez 1 ano fosse o ideal. O poeta Samuel Johnson disse "Quem está cansado de Londres está cansado da vida". Verdade. Existem centenas de opções para conhecer e aproveitar a cultura local: ótimos museus, parques bem cuidados, teatros, galerias, pubs, cafés, shows, feiras, mercados, livrarias, bibliotecas, atrações turísticas em geral. Sim, gasta-se dinheiro (e é para gastar, se é para deixar de aproveitar por extrema economia, melhor nem ir), mas também há muitas alternativas gratuitas. Estar em Londres é um investimento em sua viagem, e, sem exagero, em sua vida.

domingo, 20 de setembro de 2009

Querida do turismo de negócios, Curitiba valoriza parques e praças e sedia festivais culturais


Capital sulista, de frio intenso no inverno, Curitiba lembra Buenos Aires e cidades européias na valorização e na beleza de seus parques e praças. São dezenas de áreas verdes, de todos os tamanhos, com atrações que se multiplicam. Lagos, chafarizes, jardins, trilhas, mirantes e quedas d'água iluminando pedreiras, museus, aves, peixes, pontes, esculturas, brinquedos infantis. Parques e praças curitibanos mudam de cor a cada estação e enchem os olhos dos turistas. A metrópole paranaense tem 1,8 milhão de habitantes e, segundo pesquisa da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisa Econômica) da USP (Universidade de São Paulo) em 2007, é a terceira cidade brasileira mais procurada por estrangeiros para o turismo de negócios e eventos. No topo deste ranking estão São Paulo e Rio de Janeiro. Contribuem para a destacada posição as redes hoteleira e gastronômica, os serviços de transporte público e inovações arquitetônicas, como a integração de centros de convenções a shopping centers. Fica tudo perto, fácil, rápido.Os parques também divulgam a marca da imigração. O Bosque Alemão homenageia os pioneiros de 1833 e o Bosque do Papa celebra os poloneses e a nacionalidade de um visitante ilustre, Karol Wojtila, o papa João Paulo 2º. O primeiro de todos os parques da cidade, o Passeio Público, de 1886, guarda o Memorial Árabe, enquanto o Parque Tingüi abriga coleções de pessankas (o ovo pintado, símbolo da ressurreição) e imagens sacras no Memorial Ucraniano. No Paraná residem 90% dos ucranianos e descendentes que estão no Brasil.Bowkalowski, Wolochtchuk, Kulczynskyj, Leminski, Rischbieter, Modkowski, Kozak, Krajcberg, Recchia, Stellfeld. Em qualquer sala de aula de Curitiba há uma lista de chamada composta de tais sonoridades. Os sotaques e as culturas dos imigrantes impregnam a visita a esta cidade brasileira de gostos e ritmos internacionais. As copiosas refeições italianas no bairro Santa Felicidade têm banquetes eslavos como concorrentes, no Setor Histórico. Na programação regular de espetáculos há flamenco e danças polonesas.E, para beber, vodca. Nem o vinho dos gaúchos, nem os chopes dos catarinenses. De fabricação regional, russa ou finlandesa, a vodca ajuda a enfrentar o clima subtropical. Mesmo nos meses de verão a temperatura pode baixar de 20ºC. E, no inverno, chega a zero ou menos nas madrugadas.Não é difícil conhecer parte de Curitiba em passeios a pé, por conta das calçadas largas, arborizadas, e das ruas e avenidas bem sinalizadas. Mas não dispense os ônibus, que compõem a identidade da capital. A praça Rui Barbosa, por exemplo, concentra dezenas daqueles tubos transparentes para embarque e desembarque. As linhas são integradas num único bilhete. Aos domingos, as passagens têm desconto.A Linha Turismo é um serviço especial, mais caro e confortável, que funciona de terça a domingo. O ônibus percorre 25 pontos de interesse em duas horas e meia, sendo que o bilhete dá direito a quatro reembarques. Vale a pena fazer o trajeto logo no primeiro dia na cidade, para ter uma idéia das distâncias. Cartão-postal com estufa e canteiros geométricos, o Jardim Botânico está entre os mais concorridos. O Teatro Guaíra surge no roteiro logo após o Mercado Municipal. Parecem estar próximos, mas uma caminhada se revela longa, são dez quarteirões. A Ópera de Arame fica a meia hora, de ônibus, da Torre Panorâmica, uma torre de telefonia com mirante circular a 105 m de altura. Os horários afixados nas paradas ajudam a programar quantos e quais pontos visitar num dia.Festivais culturaisCuritiba também ganhou fama pela qualidade de seus festivais culturais. Já com década e meia de existência, o Festival de Teatro funciona como encontro marcado da classe artística, de vários Estados, a cada mês de março. Outras celebrações anuais coletivas com público cativo são o Festival Espetacular de Teatro de Bonecos e a Oficina de Música. Para quem está de visita, todos oferecem a chance de conhecer o variado cardápio de salas de espetáculo, das pequenas às portentosas, como o Guairão, com 2.173 lugares, e o Teatro Vitória, com 1.500 lugares.Boa parte do patrimônio histórico é relativamente recente. Nos anos 50, surgiu a primeira sala do Teatro Guaíra, o Centro Cívico e o Mercado Municipal. A Rua das Flores, primeiro calçadão do Brasil, foi fechada nos anos 70, mesma época dos projetos do parque Barigüi e da Rodoferroviária. A Ópera de Arame foi inaugurada nos anos 80; os parques Tanguá e Jardim Botânico, nos anos 90, pouco antes da moderna Arena da Baixada.O século 21 trouxe dois presentes na área dos museus: o Museu Oscar Niemeyer e o Espaço Perfume. O primeiro deixa o visitante em êxtase antes da entrada, quando ele se depara com a torre monumental e os grandes vãos livres da primeira ala projetada por Niemeyer. Dá vontade de fazer como as crianças e apostar corrida no piso, ou na rampa. Por falar em crianças, as famílias não se vêem em apuros para entreter os pequenos. Brinquedos e bichos em parques e praças dão conta do recado -o Barigüi tem até parque de diversões.Curitiba se prepara há décadas para receber bem o turista. Entre os confortos recentes está a programação cultural do mês disponível na Internet, com a agenda antecipada de shows de música, festas, teatro, artes visuais. Dependendo do evento, dá para chegar lá com o ingresso garantido. Ou pelo menos com o horário e o endereço certos na mão.E não se assuste com a cordialidade incomum de taxistas, recepcionistas, garçons, vendedores. Eles usam frases do tipo 'permite que lhe ajude?', 'desculpe interromper, mas...', 'gostaria de receber mais informações?', 'posso sugerir um passeio?'. Uma educação ancestral, discreta, sob medida para demonstrar que o recém-chegado é bem-vindo.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Todas as cores se misturam em Moscou


Todas as cidades do mundo são diferentes, mas algumas são mais diferentes do que outras. Moscou (Moscow em inglês, Mockba em russo), 9 milhões de habitantes, é repleta de contradições. É tão feia, com tantos prédios horrorosos, quanto atraente, com algumas das construções mais fascinantes da Europa. É tão cinza na arquitetura quanto vermelha no Kremlin, verde nos parques, branca no inverno, colorida nas igrejas... É miserável com as babushkas mendigando pelas ruas, como opulenta com as limousines circulando nas largas avenidas. Mesmo as virtudes dessa grande cidade implicam o choque de opiniões. O metrô é majestoso, mas você muito provavelmente irá se ver completamente perdido, ainda que com um mapa na mão. Mas se for esperto, porém, saberá tirar proveito, reparando na riqueza de detalhes e nas imagens das estações que traduzem o mundo de não muitos anos atrás. Os museus são formidáveis - história, artes, literatura. No entanto, quase todos com informações exclusivamente em russo. Se aguçar a percepção, vai aproveitar igualmente. Mas nem tudo está em cirílico: a vida noturna, os fabulosos teatros, os espetáculos de dança, os parques que viram ringues de patinação no Natal, os bons restaurantes, o cotidiano de uma cidade como... Moscou! Mas, novamente, dentro das contradições: a menos que você esteja recheado de dólares - ou rublos, que definitivamente é a moeda local - deverá priorizar o que ver e o que fazer. É uma cidade cara em todos os sentidos. Talvez o maior de todos os paradoxos seja o sentimento por ela - você vai amar e odiar ao mesmo tempo. As duas únicas certezas: só estando lá para saber, e isso valerá a pena



INFORMAÇÕES E SERVIÇOS






DDI - 7 para chamadas do Brasil ou de outro país para a Rússia, 8 na situação inversa


Código de acesso de Moscou - 095


Moeda - Rublo


Valor de troca - € 1 = 34,40R; US$1 = 27R; R$1 = 13R


Idioma - Russo é o oficial, mas há uma centena de outras línguas regionais


Clima - Verão quente, com dias longos. Bem mais rigoroso que o calor do verão é o frio do inverno. A partir de outubro começa a esfriar e em dezembro já pode cair neve, muita neve.


Fuso horário - 6 horas a mais em relação a Brasília


Telefones de emergência - 02 (Polícia)


Horários - O comércio funciona geralmente das 9h-19h de seg/sáb, mas pode se estender até mais tarde, principalmente no verão, ou fechar mais cedo, no inverno, assim como abrir no domingo. Para órgãos públicos e bancos, considere de seg/sex 9h-17h, alguns eventualmente funcionado sábado ou até as 18h.


Gorjetas - Restaurantes e bares de Moscou e S.Petersburgo estão aprendendo isso, alguns adicionando 10% à conta, outros apenas no se-vier-será-bem-vindo. Mas não é "obrigatório", e se você não estiver a fim de dar gorjeta, tudo bem.


quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Bonito tem o maior aquário natural de água doce do Brasil, além de grutas, cachoeiras e trilhas


Rios de águas límpidas repletos de peixes multicoloridos, enormes cachoeiras, grutas, paredões rochosos e mata atlântica são apenas alguns dos encantos de Bonito. Localizada na região da Serra da Bodoquena, a menos de 3 horas de Campo Grande, a pequena cidade sul-mato-grossense oferece inúmeras opções de esportes radicais aos seus visitantes, por isso, prepare-se, por lá só não vale ficar parado. Devido a inúmeros acidentes geológicos, a região ao redor de Bonito tem uma grande concentração de calcário no solo, motivo da supertransparência da água dos rios, as principais atrações turísticas da cidade. As atividades mais cobiçadas por quem visita o local são o mergulho em cavernas com observação da fauna subaquática e a flutuação. Usando roupa especial de neoprene, máscara e snorkel, o visitante se joga em rios como o Da Prata e o Formoso e deixa-se levar por águas calmas e cristalinas, observando peixes nadarem tranqüilamente abaixo de seu corpo. Em terra, o destaque fica por conta das escaladas. O Abismo Anhumas, por exemplo, atrai os aventureiros mais corajosos, que descem 72 metros de rapel. As trilhas também fazem sucesso entre os turistas. Quase sempre em mata ciliar, proporcionam a observação de animais silvestres.Outro passeio que faz sucesso entre os turistas é a visita às grutas ou cavernas de Bonito. Porém, fique atento, nesse caso é preciso mais do que vontade de conhecer, já que experiência e equipamento adequado são obrigatórios, por isso se informe em agências de turismo locais antes de tentar se aventurar. Turismo Sustentável, um exemplo para todosBonito é um dos grandes destaques no cenário turístico nacional, especialmente quando o assunto é natureza. Desde meados da década de 90, quando adotou um sistema que conseguiu equilibrar visitas e conservação do meio ambiente, a cidade virou um exemplo de turismo sustentável. Por lá, a comunidade se envolve em todos os serviços oferecidos buscando a harmonia na utilização dos recursos naturais, e os turistas são obrigados por lei a pagar taxa de visita e contratar um guia credenciado para passear pelas atrações turísticas locais. Tudo visando a preservação.Além das belezas naturais ao seu redor, a cidade conta com uma boa infra-estrutura com hotéis e pousadas para todos os gostos e bolsos, além de boas opções de restaurantes. O período das chuvas, entre os meses de dezembro e março, é considerado o ideal para uma viagem a Bonito. A temporada, marcada pela abundância de água, eleva o nível dos rios e apresenta cachoeiras caudalosas como nunca. Além disso, a vegetação, ainda mais verde, atrai animais silvestres em busca de alimento, tornando as atrações locais ainda mais atraentes para quem curte natureza. Já entre maio e agosto, os campos ficam mais secos, causando queimadas e afastando a fauna.É prudente checar na Anvisa (http://www.anvisa.gov.br/) a necessidade de vacinação contra a febre amarela para visitar o local.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Manaus é a porta de entrada para o exuberante universo da selva amazônica


Um dia de turista na selva começa com a companhia de um papagaio no café, bicando suco e destroçando frutas na mesa. Segue com caminhada guiada na mata, dali a pouco um macaquinho pula no colo, depois tem passeio de barco e pescaria e, à noite, mais bichos: focagem de jacarés e novamente os sons e cheiros da floresta. Manaus é a porta de entrada ideal para quem busca aventuras amazônicas com segurança -por falar em segurança, não se esqueça da vacina contra a febre amarela.A exuberância do lugar, de sua fauna e flora, ocupa páginas de enciclopédias. Também remete à infância, às primeiras aulas de geografia, em que se descobre que o rio Amazonas tem tamanho e importância colossais.Quantas outras paisagens são tão exclusivamente brasileiras quanto o encontro das águas dos rios Negro e Solimões? Talvez meia dúzia: o Pão de Açúcar, os Lençóis Maranhenses... As cores amarela e negra, que recusam a mistura imediata na formação do mais extenso e volumoso rio do mundo, estão entre os cartões-postais da América do Sul."Ainda hoje, quando viajo pelo rio Negro, digo sem nenhum bairrismo: é uma das paisagens mais belas do mundo. E olha, tem tanta história ali..." Quem elogia é um manauara da gema, o romancista Milton Hatoum. Seus livros compõem uma fabulosa iniciação à história multicultural, de europeus, índios e caboclos, e ao clima (quente e úmido) da capital do Amazonas. Manaus é uma cidade grande, de trânsito complicado, com 1,7 milhão de habitantes. Entre as principais atrações da zona urbana estão o Teatro Amazonas, sede de um importante festival anual de ópera, o Museu do Índio, o Centro Cultural dos Povos da Amazônia e, claro, a região do porto.
Ali o rio Negro se exibe com porte de mar, de tão largo. Em alguns trechos, chega a 23 km, de uma margem a outra.Do porto partem viagens curtas e longas --para Belém, por exemplo, dura quatro dias-- e também cruzeiros em um barco-hotel cinco estrelas, nos rios Negro e Solimões.A metrópole que viveu tempos de opulência durante o ciclo da borracha oferece aos visitantes confortos como os shopping centers e a chance de escolher entre seis ou oito tipos de refrigerante de guaraná, em qualquer supermercado. Como vitamina, misturado a saborosas frutas regionais como o cupuaçu, o pó de guaraná ajuda a não sucumbir ao calor. Mas a capital também se mostra inóspita quando, a duas quadras do cinturão turístico do Teatro Amazonas, deixa acumular pilhas de lixo nas calçadas, da manhã à noite.A experiência de um 'hotel de selva' precisa ser incluída na viagem, pelo menos como 'day use', o que vários deles oferecem. Nestes lodges, a diversidade da floresta está ao alcance da mão, e os sons noturnos não incluem buzinas de automóveis ou TV, apenas pássaros, sapos e insetos. Os pacotes incluem as refeições e a companhia de guias, alguns de origem indígena, sempre generosos na hora de compartilhar os segredos da mata.Generosos e corajosos: na procura por jacarés, à noite, os guias se dispõem a segurar os bichos (pequenos, naturalmente) para que os turistas apalpem a pele, observem de perto a dentadura, o rabo, as patas. Não raro um engraçadinho resume a aventura: "Parece uma carteira!" Hotéis de selva também proporcionam um contato diuturno com os rios. Os rios comandam a vida na região. Transporte, alimentação, lazer, festas, tudo depende das rotas na água. No livro 'Á Sombra dos Igapós', o cronista Waldir Garcia descreve uma Festa do Divino de cores amazônicas: a canoa grande, que leva a Coroa do Divino, dá a volta no rio soltando cascas de laranja-da-terra embebidas em azeite de andiroba que, incandescentes com o fogo, formam uma trilha aquática luminosa. Dá para imaginar a beleza, e o perfume da cena.A floresta oferece riscos. Ainda que raros, os acidentes em trilhas guiadas podem ser graves. Cobras venenosas não são convidadas, mas podem aparecer. Quando as agências recomendam tênis ou botas, em vez de sandálias, mais meias e mangas compridas, é bom seguir à risca. Uma picada de marimbondo não mata, mas produz uma dor paralisante, que um ungüento retirado de árvores ou um óleo de copaíba saído do bolso do guia vão rapidamente amenizar, para que o passeio não se interrompa.Procurado mais por estrangeiros do que brasileiros, o turismo na selva amazônica vê chegarem cada vez mais grupos da terceira idade. Alguns caminham devagarzinho, com bengalas, e carregam as mochilas com dificuldade. Nada que diminua a adrenalina de conhecer um lugar tão exótico. Na hora de andar de cipó, os mais velhos são os primeiros da fila. As crianças estão lá atrás, preocupadas com os riscos da queda ou a sujeira nas mãos.Ao ouvir dos garçons o protocolar 'volte sempre', dói pensar que vai ser difícil por conta da distância. E a sensação que fica é a de que a primeira visita não deveria ter demorado tanto.