quinta-feira, 23 de julho de 2009

Nos Lençóis, dunas e lagoas de água de chuva formam paisagem única


Para o turismo de aventura brasileiro, os Lençóis Maranhenses podem ser considerados um ponto de convergência, no meio do caminho entre a região amazônica, de um lado, e o Delta do Parnaíba e Jericoacoara, no Piauí e Ceará, do outro. São mais de 150 mil hectares só no parque nacional que há na área, com 70 quilômetros de praias.As dunas e lagoas formam uma paisagem única no mundo, que já foi definida como "miragem", "surreal" e "extraterrestre", de acordo com as expectativas dos viajantes e suas tentativas de descrever o impacto. "Miragem" tem a ver com o desejo de encontrar um oásis depois do cansaço de caminhar pelas montanhas de areia, com a vantagem de que ali ela é real: as piscinas de fato existem. "Surreal" seria um bode tocando violino antes de ir para a panela virar buchada com leite de coco. E a definição "extraterrestre" sintetiza a impressão do lugar não ser deste planeta. Os Lençóis Maranhenses ficariam na Lua, por exemplo, como no filme "Casa de Areia", do diretor Andrucha Waddington, gravado na região.Os pacotes de viagens com veículos especiais e passeios de barco podem ser contratados completos desde a partida em cidades de outros Estados, ou separadamente, por dia, em agências instaladas em São Luís, capital do Maranhão, e Barreirinhas, já na região dos Lençóis.
Nos Lençóis, chove cinco ou seis vezes mais do que a média em regiões desérticas. O índice pluviométrico chega a 1.600 mm por ano. A partir da orla marítima, ao norte, a força dos ventos faz as dunas se arrastarem por 50 km rumo ao interior. E a força das chuvas faz cair tanta água durante meses que ainda sobram bilhões de litros, nem evaporados nem absorvidos pela areias, para formar as piscinas naturais que são a grande atração do local.A mobilidade faz parte da aventura. Existem lagoas que desaparecem de setembro a março. E como as dunas carregadas pela ventania, também as casas de palha de buriti dos moradores e a infra-estrutura turística podem ser móveis nos Lençóis Maranhenses. Muitos telefones de contato são celulares, e os sites saem do ar com freqüência. Meca recente do lazer num dos Estados mais pobres do país, de pior renda per capita e altos índices de analfabetismo, não por acaso os Lençóis ficaram escondidos por muitas décadas da atenção nacional e estrangeira. A sobrevivência básica, com água, leite, peixe e farinha, toma boa parte do tempo dos nativos. Até estrada decente é novidade, e luz elétrica também, fazendo crer que o poder público mora em outro planeta. E pouca gente ia acreditar na descrição do tesouro terráqueo: parece caminhar na poeira da lua, com água morna para relaxar.Barreirinhas ou Santo Amaro do Maranhão?Ainda na década de 90, quando as dunas com piscinas mal começavam a surgir nas revistas de turismo, era difícil chegar a Barreirinhas desde a capital do Maranhão, São Luís. A rodovia era tão precária que o percurso de 250 km podia demorar oito horas, e as agências sugeriam viajar de avião bimotor. Com a MA-402 recuperada, Barreirinhas se desenvolveu com hotéis, pousadas e restaurantes, e continua sendo a principal porta de acesso ao Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. Recentemente, por conta da produção cinematográfica "Casa de Areia", que tem Fernanda Montenegro, Fernanda Torres, Seu Jorge e Luiz Melodia como os casais protagonistas, a cidade passou a dividir as atenções dos turistas com a vizinha Santo Amaro do Maranhão, onde a equipe e os atores se instalaram por várias semanas para realizar o filme.Barreirinhas tem o rio Preguiças para bares com trapiche e passeios formidáveis, que dão acesso às dunas, aos vilarejos de pescadores e artesãos e ao mar, vizinho de Caburé e Atins. Chegar a Santo Amaro por estrada de areia é um sufoco, mesmo em veículos com tração. Ambas as cidades disponibilizam a aventura das dunas em altas voltagens, com infra-estrutura de alimentação, banho de chuveiro e descanso na volta. E muito mais, às vezes: um resort com mais de 150 quartos em Barreirinhas anuncia até "fitness center", na hipótese de algum hóspede conseguir mexer as pernas e o pescoço depois de caminhar por centenas de metros na areia escaldante.
Percorrer os Lençóis requer esforço físico e cuidados com a saúde. Quem vai, porém, vê vantagens, entre elas a do êxtase do contato com a água morna e cristalina das imensas lagoas, formadas entre as dunas com a água das chuvas do primeiro semestre de cada ano.Para quem se aventura, é importante levar a sério as recomendações dos guias: usar sandálias de borracha em vez de tênis; proteger a cabeça com chapéus, bonés e lenços e o corpo com protetor solar, eventualmente com mangas compridas e cangas até as canelas; usar óculos e retirar as lentes de contato, se possível; carregar água, sucos em caixinha, frutas e biscoitos na mochila, porque o esforço pede reposição de calorias; proteger as câmeras com plástico, já que a areia chega por todos os lados. Óculos de natação e binóculos aprimoram as sensações da beleza do lugar.Os guias são fundamentais, em qualquer situação, para caminhadas curtas ou longas. Sozinho, há risco de se perder, porque os ventos apagam as pegadas na areia e não sobressaem pontos de referência no horizonte. Para as montanhas de areia branca que parecem intransponíveis, os guias providenciam cordas. Aceite a ajuda: lugares inóspitos como estes fornecem lições de humildade a quem pretende desbravá-los.

domingo, 19 de julho de 2009

Verão permanente de Aruba convida turista a experimentar som latino, cassinos e aventura


Vizinha de Curaçao, Aruba é um dos pólos turísticos caribenhos mais próximos do Brasil, a cerca de 20 quilômetros da costa da Venezuela. Na ilha, o holandês da colonização e o espanhol da vizinhança convivem com o inglês da indústria do lazer. Chove raramente e a temperatura média oscila entre 24 e 29 graus Celsius, proporcionando um tipo de verão permanente.Trata-se de um destino para quem curte trajes de banho, trilha sonora latina e informalidade, a menos que o objetivo da viagem seja o jogo nos cassinos. Neste caso, o figurino requer capricho. As casas de jogos estão reunidas nos imponentes complexos hoteleiros de Palm Beach.
Os resorts oferecem ainda a infra-estrutura de quadras de tênis, piscinas do tamanho de lagoas, múltiplos restaurantes, teatros e até torres com vista panorâmica. A fama do lugar pode remeter a resorts de luxo e campos de golfe, mas há hotéis menores e mais em conta, distantes poucos quarteirões do mar, com cozinha completa no apartamento, o que possibilita economizar nas refeições. Em Aruba, também é possível encontrar aventura. Passeios de barco e de submarino proporcionam contato com outras tribos e românticas apreciações do pôr-do-sol. Mergulhos de cilindro, "scuba diving" (mergulho de reboque), parasail e "safáris" em botes motorizados adicionam adrenalina à placidez da paisagem. Para mergulhadores profissionais, porém, a flora e fauna das Ilhas Cayman ou Bonaire reservam surpresas melhores.
Tirando o pé da areia, no centro da cidade de Oranjestad, capital da ilha, vale visitar os navios e barcos atracados no Schooner Harbor, o mercado do peixe e o Wilhelmina Park.Geografia e históriaEm Curaçao, mais populosa e também habitada por índios arawak na época do descobrimento, a presença holandesa impressiona, sobretudo na arquitetura. Aruba diluiu suas marcas européias, e hoje mais parecem enxertos os cartões-postais como De Olde Molen, um moinho de vento gigante fabricado em 1805 e reconstruído na ilha em 1960. A ilha pode ser desbravada em poucas horas - são apenas 30 km de extensão -, mas foram necessários alguns séculos para transformá-la em um caldo de culturas, sabores, ritmos e linguagens. O idioma oficial é o holandês, trazido no século 17 pelos novos conquistadores, após a descoberta da região (e posterior abandono) pela coroa espanhola, em 1499. O refino de petróleo monopolizou a economia até o final do século 20, quando a indústria turística, movimentada sobretudo por norte-americanos, tomou conta do pedaço.Por isso, Aruba é poliglota: ouve-se holandês, inglês, espanhol e papiamento, um dialeto local mais ou menos compreensível para quem fala português. Bem-vindo é "bon bini", obrigado é "danki" e quanto custa é "kuantu". A mistura acompanha os nomes dos estabelecimentos: na ilha, é possível encontrar uma danceteria batizada de "Carlos'N Charlie'S" e uma casa de espetáculos chamada "Las Palmas Showroom". Quando visitarNo Caribe, os turistas geralmente estão fugindo do inverno com neve na América do Norte e Europa. Isso significa que no mês de dezembro, as praias de Palm Beach e Eagle Beach ficam lotadas, e vários hotéis também: melhor reservar com dois ou três meses de antecedência. As datas do Carnaval oscilam como no Brasil, com os desfiles e concursos ocupando seis semanas de janeiro a março. É uma época colorida, especial para fazer a visita, ainda que cara. A baixa temporada vai de abril a outubro, sendo que os meses mais quentes são agosto, setembro e outubro. "Mais quente" em Aruba quer dizer calor excessivo. Em qualquer época do ano, aliás, o protetor solar é necessário, e o intervalo do meio-dia às 15h convida a uma providencial "siesta" nas varandas dos hotéis.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Jericoacoara tem charme de vilarejo, dunas acolhedoras, descanso e movimento


Jericoacoara é um vilarejo especial no norte do Ceará que pára para ver o sol se pôr, no mar, em todas as tardes do ano. Moradores e turistas partem de várias ruas ao mesmo tempo, e o ritual se completa no alto da grande duna de areia. Pensando bem, ali o sol não se põe: ele se exibe, dá um show de cores e formas no céu.Para a duna, antes de anoitecer, convergem os idiomas e sotaques distintos que fazem de Jericoacoara um dos pontos mais internacionais do litoral brasileiro. Ali se conhece quem acabou de chegar, para uma visita de poucos dias, e também os ex-viajantes que nunca mais foram embora. Um caminhoneiro sulista, uma fisioterapeuta européia, esportistas norte-americanos: eles estão lá, junto dos nativos, administrando pousadas e restaurantes.Ainda sobre a duna, diante de capoeiristas fazendo piruetas na areia e do céu pintado de lilás, rosa e laranja, feito um quadro de Monet gigantesco que a noite logo vai esconder, são agendados passeios, encontros, festas, aulas de windsurfe e jogos de futebol. "A areia corre veloz, escova as pernas, chega até os olhos", escreveu um italiano sobre o lugar. A vila pacata oferece descanso e também movimento.Praias, lagoas e parque nacionalA 280 km de Fortaleza, a cidade de Jijoca de Jericoacoara é a porta de entrada para a vila de Jeri, escondida atrás das dunas. São necessários veículos com tração nas quatro rodas para chegar lá, no refúgio à beira-mar. Jijoca tem boa estrutura de pousadas e as águas azuis da Lagoa Paraíso, que enche nas temporadas de chuva, no primeiro semestre. Em período de seca, melhor tomar o caminho do mar, em Jeri, a 23 km de distância.Não são praias comuns, dessas com quilômetros de guarda-sóis, quiosques e carrinhos de sorvete. Nada será trivial num lugar onde é possível aproveitar boa parte das férias de pés descalços, dia e noite, já que as ruas não têm calçamento: só areia fofa. O mesmo vento de qualidade excepcional (sobretudo no segundo semestre) que atrai windsurfistas e kitesurfistas do exterior pode tornar incômodo o banho de sol.As praias de Jeri convidam a longas caminhadas pela manhã e no final da tarde. Até a Pedra Furada e Serrote, por exemplo, numa trilha sobre rochas, ou no sentido oposto, para os lados de Guriú e Tatajuba. Nas proximidades do meio-dia, o sol é forte demais.
Descoberta para o turismo nos anos 80, Jericoacoara completa em 2008 a sua primeira década com luz elétrica. Antes, a energia para os serviços básicos de refrigeração e iluminação vinha de geradores a diesel. Ainda não há postes de iluminação pública, caminhadas noturnas precisam contar com adereços charmosos como velas acesas, lanternas ou a própria luz das estrelas. Nas trevas, se você esbarrar num jegue ou cabra, os ruídos de protesto serão inconfundíveis.Desde 2002, a área de 84 km² que engloba as principais atrações da região, suas praias, dunas, lagoas e restingas, tem o status de Parque Nacional de Jericoacoara, administrado pelo Ibama. Em 1984, Jeri havia sido transformada em APA (Área de Proteção Ambiental), condição que contribuiu para a conservação de sua peculiar paisagem de caatinga e coqueiros nas beiradas do oceano.Capoeira, redes e camas king-sizeIncluído em pacotes para Fortaleza, o tempo curto de dois ou três dias de visita será sempre melhor do que nenhum dia em Jericoacoara. Mas basta considerar fatores como a dificuldade do acesso, a tristeza dos que partem e a decisão de morar ali de muitos forasteiros para concluir que o lugar merece um tempo mais distendido.Quem aproveita as férias para se iniciar em esportes vai precisar de uma semana para ganhar segurança nas aulas de capoeira, windsurfe ou kitesurfe, em Jeri ou no Preá. Quatro ou cinco dias vão presentear o visitante com variações cromáticas do pôr-do-sol e ainda a maré alta ou baixa, que define as chances de mergulho a partir da grande duna. Uma semana é boa medida para dançar forró, reggae, samba, salsa, mambo e outros ritmos da noite de Jeri.Mais dias num lugar desses, rico em panorama humano, permite acompanhar o intenso entra-e-sai, ver o êxtase dos recém-chegados, fazer amigos de distintas nacionalidades e ainda retornar aos restaurantes prediletos. A gastronomia de Jeri está ficando mais sofisticada, até para atender aos que podem se dar o luxo de aterrissar de helicóptero, num trajeto de hora e meia desde a capital cearense.As dezenas de opções de hospedagem também aprimoraram o conforto. Foi-se o tempo em que todos os chuveiros eram frios. Agora existem terraços privativos, jardins ornamentais, jacuzzi, camas king-size, ar-condicionado, decoração com motivos étnicos. Mesmo as pousadas mais simples oferecem redes, café-da-manhã com granola na varanda e a sombra daqueles cajueiros que tornam doce todo o aroma em volta.Trata-se de um vilarejo tão fora do comum que vale a pena planejar uma chegada em grande estilo, e não precisa ser de helicóptero. Desde Fortaleza, prefira o ônibus da noite, que em Jijoca passará o bastão e os passageiros para uma jardineira cruzar as dunas na madrugada. Na confusão dos contornos, os morros de areia iluminados pelas estrelas parecem se espichar, colados às nuvens do céu.Faz calor, mas é como cruzar por imensas geleiras brancas, sacolejando com a trepidação. A visão dos jegues na estrada improvisada, tranqüilos, habituados ao ronco da jardineira interrompendo a ceia, lembra o visitante que aquela paisagem extraordinária está no Nordeste brasileiro.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Com 20 praias, Costa do Descobrimento destaca-se por história e baladas


26 de abril de 1500, um domingo. Data da primeira missa rezada por portugueses em solo brasileiro, na Coroa Vermelha, ponto privilegiado da orla que a propaganda turística define como Costa do Descobrimento, na Bahia. O ponto de desembarque de Pedro Álvares Cabral e sua vasta comitiva é real e está ali até hoje. A Coroa Vermelha fica no município vizinho de Santa Cruz Cabrália, ao norte de Porto Seguro, destino campeão de vendas nos pacotes das agências de viagem e principal porta de entrada da Costa do Descobrimento. As multidões de turistas buscam diversão nas baladas diurnas e noturnas das cerca de 20 praias que pontuam a orla desde Arraial D´Ajuda, ao sul, até Santa Cruz Cabrália.
Arte UOLBanho de mar, quitutes regionais e badalação noturna são encontrados em centenas de pontos do litoral brasileiro. O diferencial em Porto Seguro é a intensidade da combinação: quem vai para lá parece mesmo disposto a fazer festa dia e noite, enquanto durar a viagem. Com tanta atividade tribal, solteiros só voltam de lá tristes se bater a inércia ou chover muito. Aliás, de março a maio é o período de chuvas mais freqüentes: melhor evitar. Na região de natureza exuberante, com verde cercado de azul por todos os lados, há hospedagem para todos os bolsos (são 37 mil leitos), desde as pousadas baratinhas do centro histórico até hotéis cinco estrelas e resorts com requinte de spa.Uma das marcas de Porto Seguro, além da história do Descobrimento, é a trilha sonora em volume alto: axé music, pagode, forró, reggae, samba, música eletrônica. O programa básico consiste em ir à praia de dia e voltar para a praia de noite, para luaus, shows de dança e festas decoradas com mesas de frutas, turbinadas com batidas e capetas, o drink típico. As calorias ganhas consumindo os deliciosos produtos de tapioca podem ser perdidas na praia mesmo, numa aula de lambada com aeróbica. As agências chegam a programar um passeio opcional por dia. Alguns são imperdíveis, como os trajetos de barco rumo aos recifes e corais, a subida ao mirante de Santa Cruz Cabrália e a visita aos pataxós na Reserva Indígena da Jaqueira. E não é preciso contar com guias para atravessar o rio Bunharém e bater perna no adorável vilarejo de Arraial D'Ajuda, com praias mais bonitas e desertas, bares mais charmosos e melhores restaurantes. História A Bahia é tão extensa que foi dividida em três capitanias hereditárias na primeira metade do século 16 (Bahia, Ilhéus e Porto Seguro). Tal sistema de administração pública lembra a pré-história da privatização: combalido, o Tesouro português passou a empreitada de erguer a colônia no Novo Mundo para 15 empreendedores-donatários, de Santa Catarina ao Maranhão. Porto Seguro passou pelo trauma de ver seu primeiro administrador, Pero do Campo Tourinho, ser devolvido preso a Portugal, acusado de heresia, em 1547. Por essa época, Ilhéus estava em guerra, dos indígenas contra os colonos, e coube à capitania mais ao norte, onde fica Salvador, receber e instalar o primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Souza.Parte da história desses tempos ancestrais está impregnada nos monumentos, parques e prédios tombados. A Casa de Câmara e Cadeia de Santa Cruz Cabrália abriga as cartas náuticas dos primeiros navegadores. Mas história única, também trágica e violenta, está nas aldeias indígenas. Os pataxós que recebem visitantes em Porto Seguro são uma pequenina parte dos 215 povos indígenas brasileiros que sobreviveram a cinco séculos de condições adversas. No país, calcula-se que a população indígena não ultrapasse hoje cerca de 320 mil indivíduos, o tamanho de uma cidade média. Na Reserva Pataxó da Jaqueira, os anfitriões recebem os turistas vestidos a rigor, com pinturas pelo corpo. É uma festa, ou uma luta, ter a chance de mostrar a própria cultura, a que estava na terra desde antes. Mais do que umas horas para conhecer as danças, os cantos e rituais e ainda adquirir o artesanato e experimentar comidas e bebidas, a visita permite a rara oportunidade de ouvir dos próprios índios as suas histórias de sobrevivência na selva dos brancos, sem intermediários do além-mar.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Patrimônio da Humanidade, Ouro Preto tem arte colonial, história do Brasil e alma festeira



Um dos primeiros lugares do mundo a serem tombados pela Unesco como Patrimônio Histórico Mundial, Ouro Preto é dona de um dos maiores e mais importantes acervos da arquitetura e arte colonial do Brasil. Caminhar pelas suas íngremes e estreitas ladeiras --que ainda mantêm o calçamento original de pedras-- rende uma boa aula ao ar livre até para os mais desligados na história do país. É impossível passar despercebido, por exemplo, pelos casarões em que moraram o escultor Aleijadinho e os poetas inconfidentes Cláudio Manoel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga.Situada em uma região montanhosa e acidentada, Ouro Preto exige fôlego de seus visitantes. Os principais pontos turísticos da cidade, apesar de espalhados em diferentes distritos, não são muito distantes entre si. Por isso, a maneira mais fácil de conhecê-los é respirar fundo e encarar a pé as subidas e descidas que encontrar pelo caminho.As igrejas são as principais atrações turísticas de Ouro Preto. Mais do que templos religiosos, elas são verdadeiros templos da arte colonial do Brasil. Seus altares, quase sempre banhados a ouro, são exemplos clássicos do rococó, e suas esculturas, trabalhadas por importantes artistas da época, como Aleijadinho, são consideradas obras-primas do barroco brasileiro. Ainda no circuito histórico e da arte, os museus de Ouro Preto merecem destaque e atenção. Só pelo fato de estarem instalados em antigos casarões, igrejas e palácios construídos durante o Ciclo do Ouro, eles já valem a visita. Não perca. Porém, não é só de igrejas e museus que vive o turismo em Ouro Preto. Com espírito jovem e acolhedor, a cidade mineira tem fama de festeira, e não é à toa. Seu Carnaval, celebrado tradicionalmente na rua, é um dos mais concorridos do país, atraindo anualmente milhares de jovens para as ladeiras e ruas locais. Outro evento que costuma chamar a atenção dos visitantes é o Festival de Inverno, que acontece em julho e oferece uma programação cultural agitada.Com grande potencial turístico, histórico e cultural, Ouro Preto recebe visitantes do mundo inteiro em qualquer época do ano. Da arte sacra de Aleijadinho ao artesanato local, passando pela típica comida mineira e as festas tradicionais, a cidade está sempre pronta a oferecer diversão e surpresas.

domingo, 5 de julho de 2009

Economizando e esbanjando em Lisboa

Com US$ 250 por dia


Dormir: Alguém tem um fetiche por cinema no novo Hotel Florida (Rua Duque de Pamela, 34; 351-21-357-6145; http://www.hotel-florida.pt/). Esse hotel de 72 quartos foi inaugurado em setembro passado e conta com fotos em tamanho real de Audrey Hepburn e Humphrey Bogart nos elevadores, citações de filmes gravadas nas paredes e um restaurante baseado em um restaurante-lanchonete americano dos anos 50. Estendendo o tema, cada um dos quartos muito brancos e muito kitsch leva o nome de algo ou alguém de Hollywood (Coppola, Nicholson, De Niro), com cartazes emoldurados combinando. Diária de um quarto duplo: a partir de 140 euros.
Comer: Você definitivamente não paga pela atmosfera do O Cantinho do Bem Estar (Rua do Norte, 46; 351-21-346-4265), um pequeno restaurante revestido com velhos azulejos. Mas você paga pelos gloriosos pratos tradicionais de peixes e frutos do mar. Os especiais podem incluir sardinhas perfeitamente grelhadas servidas com arroz e molho de tomate, enquanto as entradas regulares incluem camarões frescos preparados em um espesso molho de alho. Entre os pratos principais, grandes porções de lula fervidas em manteiga derretida com alho. Um pudim robusto serve de sobremesa. Custo por pessoa, incluindo taça de vinho: 30 euros.
Comprar: Por questão de segurança, os viciados em chocolate devem trazer uma camisa de força e mordaça ao Claudio Corallo Cacau & Café (Rua Cecilo da Sousa, 85; 351-21-386-2158; http://www.claudiocorallo.com/). Aberto no ano passado por Ricciarda e Bettina Corallo -cuja família é dona de plantações de café e cacau nas ilhas de São Tomé e Príncipe, no oeste africano- a butique vende barras de chocolate preto, grãos de café cobertos de chocolate e pó de cacau 100% puro. Ainda melhores são os pequenos chocolates recheados com uvas passas e um raro licor feito da fermentação da casca do cacau. Preço de uma caixa de 100 gramas: 10 euros.

Festejar: Quando os bares de Lisboa fecham às 2h da manhã, todo mundo segue para o Music Box (Rua Nova de Carvalho, 24; 351-21-347-3188; http://www.musicboxlisboa.com/), uma boate que lembra uma caverna sob a ponte no bairro do Cais do Sodré. Lá, um público eclético na faixa dos 20 e 30 anos -descolados com visual retrô, garotas de relações públicas que acabaram de sair do trabalho, tipos da moda e da mídia, além de sujeitos intelectuais com óculos retangulares- dança até o amanhecer com um rol eclético de DJs, VJs e bandas locais e internacionais. Preço do couvert, que pode ser usado na conta da cerveja e dos drinques: cerca de 8 euros.


Economizando: Com muitos endereços culturais abrindo mão do preço da entrada aos domingos, ele se transforma em um dia bem-vindo para descansar sua carteira. Muitos locais gratuitos estão concentrados no bairro de Belém. Comece cedo pela Torre de Belém (351-21-362-0034; um forte icônico de Lisboa do século 16, e o Museu Nacional de Arqueologia (Praça do Império, 351-21-362-0000; com seus muitos artefatos egípcios, gregos, romanos e mouros. Ambos são gratuitos das 10h às 14h. Ao lado do museu, o Mosteiro dos Jerónimos (Praça do Império, 351-21-362-0034; um mosteiro barroco ornamentado listado pela Unesco, é gratuito o dia todo. E para uma dose de arte de classe mundial -de Salvador Dali a Andy Warhol- atravesse a rua até o Berardo Collection Museum (Praça do Império; 351-21-361-2878; Custo: zero.





Custo total: 188 euros, ou US$ 254, com o euro cotado a US$ 1,35.

Com US$ 1.000 por dia

Dormir: Desde sua estréia em 2007, o minimalista-chique Fontana Park (Rua Engenheiro Vieira da Silva, 2; 351-21-041-0600; já colecionou prêmios impressionantes (Melhor Design de Interior: Quartos e Banheiros, no European Hotel Design Awards) e atrai celebridades internacionais (a atriz Judi Dench, a banda de rock Keane). Os quartos premium do sétimo andar mostram o motivo: superfícies pretas luzidias e angulares, terraços privados com vistas das colinas brilhantes de Lisboa à noite e banheiras brancas profundas Duravit, de Philippe Starck, que cintilam com luzes próprias. O hotel também conta com o muito preto restaurante japonês Bonsai, enquanto o igualmente preto Fontana Bar serve caipirinhas e música de DJ. Diária de um quarto premium: 240 euros.

Comer: Hambúrgueres podem parecer mais adequados para um churrasco de quintal americano do que um exemplo de alta cozinha portuguesa, mas a cozinha de mentalidade global do Olivier Avenida (Hotel Tivoli Jardim, Rua Júlio César Machado, 7; 351-21-317-4105; é destemida. Uma leve imersão em vinho do porto local, uma fina camada de foie gras quente no topo, algumas cebolas caramelizadas e pronto, você tem um dos muitos híbridos portugueses-internacionais que atraem multidões a essa sala de jantar prateada neobarroca. Outros destaques incluem o carpaccio de polvo e um rico cheesecake com geléia de goiaba. Preço da refeição com três pratos, por pessoa, incluindo vinho: 65 euros.


Comprar: Durante os últimos dez anos, o Vale Douro se tornou a resposta do país a Bordeaux e Napa, produzindo vinhos tintos ousados e complexos de classe mundial. Um excelente local para encher sua adega é a Garrafeira Nacional (Rua de Santa Justa, 18-24; 351-21-887-9080; onde é possível conseguir uma garrafa de um dos valorizados e difíceis de encontrar vinhos da safra 2000-2003 da Quinta do Vale Meão, cujos vinhos escuros, poderosos e ricos saem de vinhedos do século 19. Preço por garrafa: 125 euros.

Festejar: Após a meia-noite, os belos e poderosos da cidade se misturam sob as batidas dos DJs e bebem champanhe Moët & Chandon no Silk (Rua da Misericordia, 14; 351-91-300-9193; O local badalado com um ano de idade é um estudo de paixão -apenas superfícies pretas, iluminação fúcsia sensual, sofás profundos de veludo. Mas a principal atração é a vista panorâmica das janelas do chão ao teto e o deck externo iluminado à luz de velas. Preço daquela garrafa de champanhe: 130 euros.

Esbanjando: Compras nas butiques de luxo ao longo da Avenida da Liberdade podem ser cansativas: provar as inúmeras roupas, revirar carteiras cheias de cartões de créditos. Felizmente, a Lanidor, uma marca local de moda de luxo, abriu o La Spa (Avenida da Liberdade, 177-A; 351-21-314-4551; em dezembro de 2007. Uma colaboração com a Shiseido, uma gigante japonesa de cosméticos, o estabelecimento apenas para mulheres elegantes é uma adição desesperadamente necessária ao cenário carente de spas de Lisboa. Uma massagem facial e corporal de duas horas emprega a técnica Qi -pontos de pressão do shiatsu e toalhas quentes- juntamente com produtos para pele da Shiseido. Conclua a experiência no banho turco com mosaicos azuis ou na piscina coberta zen. O spa é reservado aos homens na sexta-feira. Custo: 115 euros.

Custo total: 675 euros, ou cerca de US$ 911

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Foz do Iguaçu combina esportes radicais com belas paisagens



Rafting, rapel, tirolesa, escalada. Esportes que tensionam todos os músculos do corpo figuram no cardápio de aventuras servido aos visitantes de Foz do Iguaçu, no Paraná, a região das cataratas que faz fronteira com Argentina e Paraguai.No rio Iguaçu, o rafting puxa a fila dos esportes radicais, numa paisagem imbatível, em que os participantes se vêem cercados por dezenas de quedas d´água, nos lados brasileiro e argentino. O bote inflável desce as corredeiras do rio por 4 km; o nível de dificuldade deste rafting é médio, categoria III+, e a idade mínima é 14 anos.Não precisa ser veterano no esporte para se aventurar. Mesmo quem experimenta o rafting pela primeira vez recebe instruções do guia em terra e no próprio bote, já com capacetes e coletes salva-vidas vestidos. Aprende-se a manejar os remos para frente e para trás. Em caso de queda na água, o participante se agarra a uma corda e é trazido de volta para o bote.Também diante da imponência das cataratas, o rapel tem descida de 55 metros, partindo de uma trilha suspensa na mata do Parque Nacional do Iguaçu. Do ponto final do rapel, é possível seguir para o rafting. No Cânion Iguaçu, uma agência de turismo de aventura localizada no Parque Nacional do Iguaçu, o instrutor de arvorismo vai apresentando instrumentos como o mosquetão, a traquitana e a cadeirinha, ligada a cabos de aço, e não resiste à piada: "Ah, sim, os equipamentos de segurança a gente comprou ontem ali no Paraguai. Qualquer coisa, chama o Batman".É uma brincadeira, claro, politicamente incorreta, inclusive, considerando as boas relações diplomáticas mantidas na área da Tríplice Fronteira. Dezenas de crianças, adolescentes e adultos aproveitam todos os dias o circuito do arvorismo, os muros e paredes para escalada e também agendam no Cânion Iguaçu as atividades de rafting e rapel.O arvorismo tem 11 obstáculos com altura entre 4 e 8 metros e termina com a tirolesa, numa descida de 25 metros. As escaladas são realizadas em superfícies verticais, inclinadas e horizontais, de até 7 metros de altura, com dificuldades apropriadas para iniciantes e praticantes do esporte.Se o turista prefere se exercitar em terra firme e traz de casa disposição para pedalar, um programa legal é a Trilha do Poço Preto, no Parque Nacional do Iguaçu. São 9 km de chão batido na Mata Atlântica, curtindo o ar puro e a companhia de borboletas, lagartos e quatis. Há trechos íngremes, que exigem preparo físico, mas quem desiste de pedalar todo o trajeto pode chamar resgate e prosseguir o passeio instalado num trenzinho elétrico.Na etapa final da Trilha do Poço Preto, que inclui passeio de barco pela parte alta do rio Iguaçu, mais uma atividade aquática: o guia convida a remar nos "ducks" estacionados numa das margens, um tipo de caiaque. As águas são tranquilas e, se o duck virar jogando os turistas no rio, ele desvira.Numa paisagem como a das cataratas do Iguaçu, ficar completamente molhado é parte importante da viagem.